segunda-feira, 18 de maio de 2020

Move Along - Capítulo sessenta e nove.

Ok, to postando porque (1) a Nicki SURTOU NO MEU WHATSAPP e me pediu pra postar e eu gentilmente estou fazendo isso e (2) tivemos um comentário no capítulo anterior. Então é isso, aproveitem, no fim de semana tem mais <3 (ou antes até, vai saber).
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~Você on~
            Algumas coisas mudaram desde que eu vim para Ohio, desde que eu saí de casa, ou pelo menos eu achei que tinham mudado. A verdade é que a vida continua lá, as pessoas continuam lá, e essas pessoas que estão aqui sempre estiveram aqui, eu sempre fui amada, mesmo que de longe. E eu pude perceber isso só agora.
            Estou sentada no tapete peludo da sala de casa, em volta da mesinha de centro rindo e bebendo uma cerveja enquanto o Ash tenta fazer uma mímica para os meninos do seu time acertarem enquanto uma música toca baixinho ao fundo. O amor sempre esteve aqui.
            Passei a tarde inteira na casa do Chris, assistindo a uns filmes e conversando algumas bobagens até pegar no sono. Eu não sabia, mas enquanto isso os meninos procuravam loucamente por mim até que o Chris contou que eu estava na casa dele e, no mesmo segundo, todos os meninos foram me buscar. Isso é ser amada.
            Alex e Joe primeiro me deram uns socos leves no braço antes de me abraçar, e aí todos fizeram o mesmo, um abraço coletivo do jeitinho que eu gosto. Aí todos vieram pra nossa casa, inclusive o Chris, e transforaram a minha comemoração de aniversario na noite dos jogos. É, definitivamente, isso é ser amada.
            - Acabou seu tempo! – Alguém gritou para o Ash, que parou a mímica.
            - Caramba, vocês são ruins mesmo hein – Oliver olhou para o time adversário – estava na cara que era Forrest Gump.
            - Não sei de onde você tirou isso, cara – Jinxx respondeu.
            - OK, OK – Joe levantou-se animado – É A MINHA VEZ! Pra todo mundo.
            Estamos jogando “Imagem e ação” e o grupo está dividido em times, estou no time de Alex, Joe, Chris e Oliver e só Deus sabe quem está ganhando, considerando que já tínhamos bebido algumas coisas...
            - MULHER – Ronnie grita quando Joe começa a mímica, e este nega.
            - GAROTA – Oliver chuta e Joe nega com as mãos mais uma vez.
            - GOSTOSA! – Ash grita e todos riem, Joe nega de novo.
            - MENINA – Chris diz e Joe levanta os polegares, indicando que ele havia acertado.
            Ele continuou com a mímica e nenhum de nós estava entendendo nada do que ele fazia, chutando coisas aleatórias, até que o tempo foi acabando...
            - ÁGUA – Alex se pronunciou pela primeira vez, Joe indicou que eram palavras parecidas
            - Chuva? – Andy pergunta, jogando um salgadinho na boca. Joe nega.
            - Gelo? – Ash pergunta e Joe confirma com os dedos.
            ESPERA...
            - GIRL OF GLASS? – Eu grito, em um pulo e Joe indica que sim.
            - Mas isso é um livro ou um filme? – Ronnie pergunta – Nunca ouvi falar.
            - Então – eu começo – é mais ou menos um livro...
            - Na verdade é um livro... – Alex diz levantando-se.
            - Quase... – eu começo.
            - Não – Joe pega algo na estante e para ao lado do Alex – é realmente um livro.
            Ele me estende um pacote perfeitamente embrulhado em papel dourado e meu coração dispara assim que eu pego o pacote e sinto uma superfície rígida por dentro. Não pode ser o que estou imaginando. Eu abro cuidadosa e lentamente a embalagem, até me deparar com um livro de capa dura.
            A capa era toda preta, no centro havia uma menina em um balanço de arvore jogando os longos cabelos para trás enquanto se balançava, cabelos estes que iam se desfazendo em pequenos cacos de vidro. Girl of Glass estava impresso em letras cursivas logo acima, (Seu nome) Bianchi era a assinatura da autora.
            Naquele momento eu não sabia o que dizer ou fazer, podia ouvir meu coração acelerado soando alto. Passei os dedos na capa dura do livro e senti uma lagrima escorrendo pela minha bochecha e a vi pousando em cima da garota na capa. Aquele era meu livro; editado, impresso e com o logo de uma editora no canto direito.
            - SURPRESA! – Alex e Joe gritaram em uníssono, me tirando dos meus pensamentos, me fazendo olha-los.
            - O que é isso? – Eu perguntei com os olhos arregalados, ainda incrédula. Aquilo não podia ser real.
            - Seu presente de aniversario – Alex disse, esfregando o topo da minha cabeça.
            - Meu Deus... – Eu olhei a capa do livro novamente antes de pular nos braços de Alex e Joe para um abraço – vocês são incríveis!!
            - Só falta marcar a data do lançamento – Joe disse –, quando você pode comparecer a uma sessão de autógrafos?
            Ok, ISSO é ser amada, com toda certeza do mundo.
Continua...

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Move Along - Capítulo sessenta e oito.

Oi gente! Acho que vocês já notaram que eu apareci do nada e voltei a postar sem falar nada, tipo mestre dos magos. Isso é só pra provar pra vocês que eu voltei real oficial agora e vou continuar Move Along E estou escrevendo uma nova história, quem me segue no Instagram já esta sabendo.
Mas eu preciso do feedback de vocês sobre esses capítulos. Então se vocês estão mesmo lendo M.A e querem que eu continue, por favor, comentem! Caso contrario, vou parar de escrever M.A e me dedicar a novos projetos. É isso, obrigada, amo vocês <3
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~Chris on~
            Passei a manhã inteira no estúdio resolvendo algumas coisas do novo álbum em que estamos trabalhando, mas como ainda é janeiro decidimos não ficar o dia inteiro trabalhando nisso. Estava no meu carro dirigindo de volta pra casa, com o celular descarregado no banco ao meu lado, ouvindo uma rádio qualquer no som.
            Têm sido dias difíceis desde que voltamos do Hawaii, com a notícia do suposto envolvimento amoroso da (Seu nome) com o Andrew. Ela mal saia de casa com medo de ser reconhecida e, como eu também acabei sendo envolvido na história, não tenho mais frequentado tanto a casa dos meninos como de costume, mas aparentemente todos estão meio reclusos desde o incidente e deixaram de entrar tanto nas redes sociais, até mesmo a Juliet.
            Fiquei durante dias me lembrando da noite na fogueira, em como o Andy e a (Seu apelido) se olhavam durante a música e em como meu coração apertou naquele momento. Eu não queria sentir ciúmes, nem sequer tinha o direito de sentir aquilo, mas parecia inevitável.
            Durante o percurso para casa, parei em um semáforo fechado e fiquei observando as gotas da chuva, que estava se intensificando, escorrendo pelo para-brisa. A movimentação nas ruas era bem pequena, apesar da proximidade com o centro da cidade, e pude notar uma garota descalça e usando uma regata sentada no meio fio, com a cabeça baixa.
            - (S.A)? – Eu pensei alto. Apesar de não ser capaz de ver seu rosto e de seu novo cabelo cor-de-rosa, eu seria capaz de reconhecer aquela tatuagem no peito do pé a quilômetros de distância, até porque eu tenho uma idêntica.
            Assim que o semáforo abriu, eu parei o carro próximo a onde ela estava sentada, ligando o pisca alerta. Abri a janela e pude vê-la levantando o olhar, assustada, parecia ter chorado recentemente.
            - Quer uma carona? – Eu disse, apoiando a mão direita no banco do carona para aproximar-me da janela. Ela sorriu.
            - Mas estou encharcada – ela disse, levantando-se e colocando as mãos na janela aberta.
            - Isso a gente resolve depois – eu destranquei o carro, sorrindo – vamos, entre!
            Ela abriu a porta e sentou-se rapidamente no banco do carona, ela usava uma calça de flanela azul e regata preta e estava completamente molhada, em suas mãos ainda era possível notar os resquícios da tinta cor-de-rosa.
            - Quer que eu te leve pra casa? – Eu perguntei, voltando a dirigir.
            - Ér... – eu a olhei de lado e vi que fazia uma careta – na verdade não.
            - Tudo bem, para minha casa então!
[...]
            Thanks God nós não estávamos longe da minha casa, porque ela parecia com frio e cansada. Durante o trajeto não conversamos muito, ela ficou encarando a janela e parecia chateada, deixei que ela tivesse paz. Assim que chegamos eu a entreguei uma toalha e algumas roupas secas para que ela tomasse um banho no quarto de hospedes.
            Coloquei meu celular para carregar na sala e fui para o banheiro do meu quarto tomar banho também. Assim que terminei fui para a sala e sentei-me no sofá, ligando a televisão e zapeando pelos canais enquanto ela não descia.
            Algum tempo depois ela apareceu nas escadas, e parecia ainda mais incrível com os cabelos molhados e penteados sob os ombros, usava uma de minhas calças moletom preta e uma camiseta cinza de mangas compridas. As roupas monocromáticas realçavam a cor dos seus cabelos e a sua pele naturalmente bronzeada.
            Ela desceu as escadas lentamente, segurando as mangas da camiseta com as mãos, parecia envergonhada, e quando se aproximou pude notar que seus olhos ainda estavam vermelhos como quem acabará de chorar. Eu sorri pra ela e indiquei para que se sentasse ao meu lado no sofá, ela o fez.
            - Obrigada – ela disse, me olhando ainda sem graça.
            - Era o mínimo. – Ela sorriu de canto – Quer me contar o que houve?
            Eu pude notar seus olhos voltando a lacrimejar e por alguns segundos eu me arrependi de ter feito essa pergunta, quando ela começou:
            - Eu tentei ser forte – a primeira lagrima escorreu –, tentei não chorar...
            - Só porque você chora, não quer dizer que não é forte – eu disse quando ela fez uma pausa –, só quer dizer que você tem sentimentos. E admiti-los é o maior ato de coragem que alguém pode ter – ela me olhou, as lagrimas descendo pelas maçãs de seu rosto.
            - Eu só queria ser amada – ela disse, deitando-se em meu colo e meu coração se partiu ao ouvir essas palavras.
            - Você é amada, (S.a) – eu passei meu braço pelos seus ombros e apertei-a contra o meu peito. “Você não faz ideia do quanto é amada”, pensei.
            Ficamos assim por algum tempo, até que suas lagrimas cessassem, ela deitada no meu colo enquanto eu acariciava seus cabelos cor de algodão doce, em silencio, e eu conseguia sentir sua respiração contra o meu corpo.
            Ela levou uma das mãos ao rosto para limpar as lagrimas que já secavam em suas bochechas, deixando a manga da camiseta escorregar pelo seu braço e foi quando eu vi. Eram irregulares e esbranquiçadas, algumas ainda levemente avermelhadas aparentando serem mais recentes, mas nenhuma delas ainda aberta, as mais grossas tinhas marcas de pontos ao redor.
            Meu coração ficou apertado ao ver seus pulsos tão finos e cheio de cicatrizes, eu sabia exatamente o que aquilo significava, e queria protege-la de tudo o que a fazia mal. Eu a apertei ainda mais contra o meu peito e ela rapidamente puxou a manga da camisa, provavelmente torcendo para que eu não tivesse visto.
            - Quer assistir a um filme? – Perguntei descontraído.
            - Claro – ela sentou-se ereta no sofá, sorrindo – qual?
            - Your choice, little girl.
[...]
            Nós comemos uma pizza enquanto assistíamos ao filme de comédia escolhido por ela, e foi a primeira vez que assisti um filme brasileiro. Ela caiu no sono durante o segundo filme, dessa vez escolhido por mim, aconchegada nos meus braços, coberta por uma manta, era tão serena dormindo e eu me peguei sorrindo involuntariamente ao vê-la dormindo.
            Nos distraímos tanto durante a tarde que eu sequer notei as horas passarem, estiquei o meu braço para alcançar o meu celular sem acordar a (S.a) e já passavam das seis da tarde. Havia também centenas de mensagens no grupo “fire in the little park”, grupo dos meninos, “mas que merda?” me perguntei abrindo o grupo.
Joe: “A (SEU NOME) SUMIU!”
            Eu li aquela mensagem soltando um sorriso de lado e olhei por alguns segundos a (S.a) dormindo calmamente em meus braços. Continuei rolando a conversa para baixo, e as últimas mensagens haviam chegado a poucos minutos:
            Oliver: Ok, o ultimo lugar que procuramos foi a minha casa e não fazemos mais nenhuma ideia de onde procurar.
            Ash: Jinxx e eu fomos ao estúdio também e nada dela.
            Alex: Nada na biblioteca municipal também, nem no tatuador...
            Ronnie: Já fomos na casa do CC, na do Mitch, na minha, na padaria perto de casa e também nada...
            Oliver: Não podemos parar de procurar, pelo amor de Deus.
            Aparentemente os meninos ficaram a tarde inteira rodando a cidade procurando pela garota que dormia suavemente no meu sofá.

~ Andy on~
            Acabamos de sair da casa do Oliver e já não fazíamos ideia de onde procurar pela (Seu nome). Ela mal conhecia a cidade direito, não é possível que tenha ido tão longe.
            Oliver estava cada vez mais desesperado, assim como todos os demais, e se recusava a deixar de procurar, mesmo sem ter ideia nenhuma de onde ir em seguida, mas sabia que tinha que continuar procurando. Estávamos parados em um semáforo, ele enviava algumas mensagens no grupo quando nossos celulares vibraram no mesmo instante.
            Chris Drew: “Gente, não se preocupem! Ela está comigo!”
            Assim que li aquela mensagem meu sangue ferveu e eu senti ódio do Chris, apesar do alívio de saber que a (Seu nome) estava bem, MAS PUTA QUE PARIU, por que diabos ele não falou nada antes? E, além do mais, o que ele estava fazendo sozinho com ela a tarde inteira? Minha cabeça doeu e eu senti vontade de ir até a casa dele no mesmo instante tira-la de lá.
            - Filho da puta – Oliver gritou, provavelmente tão aborrecido quanto eu por ele não ter dito nada antes.

Continua...

terça-feira, 28 de abril de 2020

Move Along - Capítulo sessenta e sete.

~Andy on~
            Eu já estava na casa ao lado quando os demais meninos chegaram.
            - Me conta agora que merda aconteceu – Ronnie disse assim que abriu a porta de entrada.
            - A mãe dela apareceu aqui – Joe começou, todos estávamos em pé no meio da sala.
            Todos os meninos da banda estavam presentes, incluindo Oliver que parecia ter sido o primeiro a chegar, antes mesmo de mim, e Ronnie que acabará de aparecer.
            - Que porra que essa mulher estava fazendo aqui? – Oliver se manifestou, aparentemente era o mais desesperado ali.
            - Aparentemente elas não têm um bom relacionamento – Jinxx disse.
            - Um péssimo relacionamento – Alex começou –, na verdade ela veio morar com a gente justamente por estar fugindo dessa relação. Ai essa maluca apareceu aqui exigindo que ela voltasse pro Brasil, até bateu na (Seu Nome), e foi ai que ela saiu correndo sabe-se lá pra onde.
            E então, como um flashback, eu me lembrei do blog que ela escrevia, me lembrei das marcas em seus pulsos e de todos os seus textos desesperados, de como ela implorava abertamente por amor materno naquele site, amor que aparentemente nunca recebeu.
            - E onde está a mãe dela agora? – Perguntei – Também procurando por ela?
            - Longe disso – Joe disse –, depois que notamos que a (Seu apelido) tinha fugido, Alex e eu nos desesperamos, ela simplesmente pareceu não ligar, ai...
            - Ai eu quase bati nessa piranha e a mandei de volta pro Brasil – Alex o interrompeu.
            - E vocês acham que ela voltou mesmo pro Brasil? – Ash perguntou.
            - Não faço ideia, mas se aparecer aqui, eu não sei o que sou capaz de fazer – Alex continuou – a briga depois que a (Seu apelido) sumiu já foi bem feia...
            - Mas agora temos que encontra-la – Joe passou as mãos no rosto – e precisamos da ajuda de vocês, pois não fazemos a mínima ideia de onde começar.

            Nós começamos a procura-la imediatamente, apesar de não sabermos por onde começar nos dividimos em duplas e saímos em busca da nossa fugitiva. Estávamos Oliver e eu, em seu carro, indo em direção ao centro da cidade quando, parando em um sinal, ele socou o volante e pareceu lacrimejar.
            - Puta que pariu – ele rosnou.
            Eu não sabia o que dizer, aquela situação estava me preocupando tanto quando a ele, meu coração estava acelerado e eu queria encontra-la desesperadamente e abraça-la para garantir que tudo estivesse bem. Mas ninguém sabia que eu me sentia assim.
            - Você consegue acreditar nisso? – Ele disse, eu o olhei confuso e ele continuou: – Ela sumiu por causa da mãe dela – o sinal abriu e continuamos nosso caminho –, você consegue acreditar em uma mãe que machuca o filho dessa forma?
            - É por isso que ela está aqui... – eu fixei os olhos no para-brisas molhado pela garoa que caia, rapidamente me recordando do dia em que a conheci, aqueles olhos verdes brilhando ao me reconhecer, seu pijama encharcado...
            - É por isso que conhecemos ela – ele me tirou de meus devaneios –, mas sinceramente, eu preferiria que ela fosse amada, mesmo isso significando que nunca a conheceríamos.
            - Oliver... – ele me olhou rapidamente antes de voltar os olhos na estrada – você sente algo por ela? Você a ama?
            - Mais do que tudo nesse mundo, meu colega.
            Eu suspirei e joguei a cabeça para trás, encostando-a no banco. Parece que todos a minha volta amavam aquela garota, mas é claro, quem não amaria uma mulher tão incrível como essa? Uma menina com o sorriso que seria capaz de pôr fim a guerras e curar o câncer, com os olhos tão brilhantes quanto a sua imaginação. É impossível não se apaixonar por ela.
            - Mas cara – eu o olhei, e ele estava rindo de canto –, eu a amo como alguém da minha família, não estou apaixonado por ela.
            Ouvir aquilo tirou uma tonelada das minhas costas, e eu nem mesmo sei o porquê.

Continua...

sábado, 25 de abril de 2020

Move Along - Capítulo sessenta e seis.

~Você on~
            Joe, que já estava de pé, foi em direção a porta e a abriu. Ele ficou alguns segundos em silencio, parado e encarando a imagem em sua frente. Alex e eu não fazíamos ideia do que estava se passando, mas pela expressão de Joe não poderia ser boa coisa.
            E eu estava mais do que certa. Era algo péssimo.
            - SURPRESA! – Minha mãe exclama, passando por Joe, que ainda estava em silencio junto à porta. – Sentiu minha falta, princesa?
            Eu mal conseguia respirar.
            - O que você está fazendo aqui? – O Alex disse, ríspido, se levantando e indo em direção a ela.
            - Ora, não é obvio? – Ela revirou os olhos – Vim buscar a minha filinha.
            - E quem disse que ela quer ir com você? – Joe diz, colocando-se ao lado de Alex, parados na frente daquela mulher e tapando a minha visão dela.
            - Não é uma opção – ela empurra os meninos e olha para mim, que ainda estava quieta, em choque, sentada no sofá encarando-a com os olhos arregalados –, além do mais, ela pode falar por ela mesma.
            - Você não é bem-vinda aqui – Joe segura o braço dela quando ela tenta se aproximar de mim.
            - Como eu não sou bem-vinda na casa da minha filinha? – Ela diz, sínica, olhando os meninos.
            - Não me chame assim – eu murmuro.
            - Como? – Ela diz, se aproximando um pouco, soltando-se das mãos de Joe – Fala mais alto, garota.
            - Não me chame assim! – Eu digo em alto em bom tom, ríspida, enquanto me levanto e a encaro – Você não é a minha mãe.
            - Ora, mas claro que sou – ela ri –, você acha que nasceu como? Claramente não foi uma cegonha que te trouxe.
            - Mas não te considero assim – eu me aproximo –, você nunca fez um bom papel.
            - Pelo jeito não fiz um bom papel mesmo – ela pega uma mecha do meu cabelo – caso contrário você não seria assim tão esquisita – ela solta meu cabelo e limpa as mãos na calça.
            - Por favor – o Alex se coloca ao meu lado – vá embora!
            - Eu não saio daqui sem a (Seu nome) – ela me encara.
            - Quem te contou onde eu estava? – Eu pergunto, ainda um passo atrás de Alex.
            - Você esqueceu que suas fotos estão em todos os lugares? – Ela me mostra seu celular.
            Na tela, havia uma foto do Andy comigo em suas costas, estávamos rindo. Essa foto foi tirada no Hawaii, e quando eu a vi, por alguns segundos, meu coração se encheu de felicidade e eu soltei um sorriso de canto, esquecendo a situação em que estava. Até que eu voltei a mim. Não havia imaginado a possibilidade de momentos tão felizes me dedurarem e trazerem de volta o que eu mais odiava.
            - Impossível você tê-la reconhecido nessas fotos de má qualidade – Alex se manifestou novamente.
            - Além do mais – Joe se aproxima de nós, ficando também um passo a minha frente, ao lado de Alex –, essas fotos foram tiradas no Hawaii, como descobriu que ela estava aqui, em Ohio?
            Ela não respondeu.
            - FALA LOGO! – Eu gritei, já com o sangue subindo a cabeça.
          - Eu prometi que não ia contar – ela começou –, mas não estou nem ai. – Ela fez uma careta – Foi aquele seu amiguinho da loja de CDs que você trabalhava...
            - O Jovane? – Joe perguntou, parecia tão confuso quanto eu.
           O ar sumiu dos meus pulmões, minha mente ficou confusa e minhas mãos fecharam em punho. Não pode ser verdade.
            - Não pode ser verdade – eu repeti em voz alta, inconscientemente.
            - Ah, mas é verdade sim – Ela sentou-se no sofá –, foi até bem fácil.
            - Ele não faria isso – eu me viro para ela
            - Mas fez...
            - POR QUÊ?
            - Porque eu perguntei, disse que você poderia estar em perigo ou algo do tipo – ela cruzou as pernas – quando mencionou esses dai – ela apontou para os meninos, em pé ao meu lado – eu fingi me desesperar e disse que vocês já tinham voltado ao Brasil. Ele só estava preocupado com você – ela riu – coitado.
            - Eu não ligo que você tenha vindo até aqui, mas eu não vou voltar com você.
            - Vai sim – ela se levanta – e nós vamos embora agora. Foi engraçado e tudo mais, mas suas férias ACABARAM! – Ela segura meu braço e eu me solto com um tranco.
            - Eu não quero você aqui. Você ainda não entendeu que eu NÃO QUERO VOCÊ NA MINHA VIDA?
            - EU NÃO LIGO – Ela segura meu braço – EU SOU A SUA MÃE E A SUA VIDA ME PERTENCE.
            - EU NÃO PERTENÇO A NINGUÉM.
            Ela puxa o meu braço e minhas pulseiras estouram, as pedrarias espalham-se pelo chão da sala, pulando para todos os cantos e relevando meus pulsos.
            - Ah eu me lembro disso – ela segura minha mão enquanto encara as minhas cicatrizes –, você me deixou algumas fotos disso. Se orgulha? – Ela me encara e joga meu braço de volta para perto do meu corpo.
            - Se você não sair agora eu vou chamar a polícia – Joe entra na minha frente.
            Eu estou parada atrás de Joe, segurando meu pulso contra o meu peito e sentindo as cicatrizes com as pontas dos meus dedos. Eu não me orgulhava daquilo, não me orgulhava de nada que havia feito da minha vida, não me orgulho de não querer mais viver. Meus olhos lacrimejaram e o Alex pegou minha mão e segurou-a, olhando pra mim. “Vai ficar tudo bem” ele sussurrou.
            - Chama então – ela levantou a voz – chama que eu quero contar que vocês sequestraram a minha filha.
            - EU VIM POR VONTADE PRÓPRIA – eu apertei a mão do Alex –, JÁ TENHO IDADE O SUFICIENTE PARA TOMAR MINHAS DECISÕES!
            - Você? Tomar decisões? – Ela riu, debochada – Você só toma decisões de MERDA, (Seu nome), olha só pra você...
            - Eu te odeio com todo o meu ser – eu cerrei os dentes
            - E você acha que eu te amo? – Ela levantou uma sobrancelha – É recíproco.
            Aquilo me doeu, era claro que eu sabia que ela não me amava, isso sempre esteve evidente para mim e para todos em volta, inclusive me questionava se um dia ela já amou alguém além de si mesma. Mas dessa vez ela disse em voz alta.
            Eu queria sumir, morrer. No meu lugar mais seguro, ela apareceu.
            - Vamos embora agora – Ela empurra o Joe e me puxa pelo braço, me levando em direção à porta – nem precisa pegar suas roupas, tenho certeza que nenhuma delas presta mesmo.
            - Eu não vou! – Comecei a forçar os pés a parar.
            - VAI SIM, ANDA! – Ela tenta me puxar – ANDA! – E, quando eu não me movo, ela levanta o braço e acerta um tapa estalado em meu rosto. – INUTIL! VOCÊ É DESPREZIVEL! 
            E eu desisti de lutar, assim, ela me levou até a porta. Alex e Joe estavam indignados ainda discutindo com ela, eu estava parada diante da porta aberta, sentindo o vento frio soprando no meu rosto, e ela já havia me soltado quando notou que eu havia desistido de lutar.
            E aí eu corri.
            Corri para sabe lá Deus onde, mas eu só não podia ficar ali. Não podia continuar no mesmo ambiente que aquela mulher por nem mais um segundo, muito menos poderia cogitar a possibilidade de voltar para aquele inferno que costumava chamar de vida.
            Estava garoando e um vento gelado soprava, eu estava descalça e com uma calça fina de flanela, conseguia sentir o vento até nos meus ossos. Comecei a ouvir os gritos daquela megera, de Alex e de Joe atrás de mim, felizmente eu sempre fui uma boa corredora e eles não conseguiriam me alcançar sem um carro.
            Felizmente eles não pensaram nisso.
Continua...

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Move Along - Capítulo sessenta e cinco.

~Andy on~
            Estou parado no meio de um quarto preto, escuro, estou também com um violão em mãos, o coloquei para trás e comecei a andar. O que estou fazendo aqui? E o que eu imaginava ser apenas um quarto se mostrou maior, bem maior. Continuei andando, até que em uma parte do caminho eu fiquei com uma vontade incontrolável de tocar algo, algo que eu não fazia a mínima ideia do que era, então eu ajeitei o violão e comecei a tocar, só tocar, sem nem ao menos saber que musica era aquela. Passei por alguém, e apesar da enorme vontade de sabem quem era, passei reto.
Andei em direção uma luz branca, ainda tocando, até que eu ficasse parado exatamente embaixo dela. Meus dedos continuavam movendo-se nas cordas do violão, inconscientemente tocando uma melodia que eu não conhecia, até que ouço uma voz:
- Ei, você – ela dizia, eu podia escutar seus passos se aproximando – Quem é você?
Eu queria virar e vê-la, queria dizer quem eu sou, porém também queria ouvir mais da sua voz. Da sua doce voz.
- Por que não me responde? Quem é você? – ela já estava bem próxima – Onde estou?
“Onde estou?” Eu também pensava isso, “onde estou” é tudo que eu quero saber. Queria poder respondê-la, queria vê-la, ver se seu rosto era tão belo quanto sua voz. Então comecei a virar-me, lentamente e com receio, porém a veria de um jeito ou de outro. Será?
            ~ sonho off ~

            Eu acordei em um susto, mais uma vez. Esse sonho tem sido cada vez mais recorrente, tão recorrente que já me acostumei com ele. Levantei-me da cama, como todas as outras noites em que tinha esse sonho, e voltei a anotar as notas que tocava no sonho, decidi trabalhar em uma música com essa melodia, afinal, pode ser um sinal.
            Já faz alguns dias que a Juliet e eu brigamos por conta das notícias que saíram nos jornais no mundo inteiro, ela não tem conversado muito comigo, pois acredita que eu “a expus ao ridículo” e perguntou se eu sentia mesmo algo pela (Seu apelido). Eu neguei.
            Eu realmente não sinto nada por ela. Sinto?
            Igualmente, faz alguns dias que não a vejo saindo de casa, nem mesmo os meninos têm saído muito de casa. Como será que ela está lidando com tudo isso? Será que esta brava ou chateada comigo? Afinal, o famoso sou eu, ela não deveria mesmo ter que lidar com paparazzi. Pelo menos ninguém sabe seu nome, ainda.
            Desci as escadas e encontrei a Grace preparando café. Grace vem uma vez por semana limpar minha casa desde que minha mãe se mudou.
            - Bom dia, Sr. Biersack – ela diz sorrindo –, acordou cedo.
            - Bom dia, Grace – eu pego a xicara de café que ela gentilmente me entrega – estou tendo uns sonhos estranhos e não consigo dormir muito – eu a encaro – e já disse para me chamar de Andy, por favor – tomo um gole do café.
            - Já contou esses sonhos para o seu terapeuta?
            - Ainda não... – eu encaro o chão.
            - Pois deveria, se está tirando seu sono deve procurar ajuda.
[...]
            Já estou a algum tempo trabalhando em algumas músicas no meu quarto enquanto Grace termina de limpar o andar de baixo. O tempo lá fora ainda é frio, como de costume no mês de janeiro, posso ver a garoa fina que cai pela porta da sacada.
            Eu tenho evitado as redes sociais por conta das notícias que envolvem a (Seu nome) e eu, muitos comentários maldosos são publicados todos os dias e estamos todos esperando essa poeira baixar e outro famoso fazer um escândalo, mas parece que tem um assunto rendendo no grupo da banda.
            Deixo o violão em cima da cama e desbloqueio o meu celular para ver o grupo da banda e outros grupos com outros amigos cheios de mensagens, como no grupo da banda devem estar falando de trabalho eu abro primeiro o grupo nomeado “Fire in the little park” – ideia do Alex, obviamente – e leio apenas algumas mensagens.
Oliver: “Não se esqueçam de NÃO POSTAR SOBRE ELA, se quiserem só mandem mensagens, ela ainda está bem abalada com o lance das noticiais”
Jinxx: “Isso quer dizer sem festa?”
Joe: “Aparentemente, sem festa.”
Ash: “Ah, minha pequena não vai ficar sem nenhuma comemoração no dia do aniversario dela não”
Ronnie: “Isso mesmo! Vamos fazer algo na casa de vocês mesmo, só a gente poxa. O que vocês acham, Joe e Alex?”
            PUTA MERDA! Eu tinha esquecido completamente do aniversario da (Seu apelido) hoje, logo ela, que fez até um bolo no meu... Bom, mas eu posso remediar as coisas mais tarde, o dia ainda não acabou.
            Fui rolando a conversa pra baixo, apenas passando o olho pelas mensagens e aparentemente os meninos concordaram em fazer uma noite de jogos na casa deles para comemorar. Terminei de ler as mensagens daquele grupo e finalmente entrei no grupo da banda, e no mesmo instante chega uma mensagem do Joe no grupo “Fire in the little park”:
Joe: “A (SEU NOME) SUMIU!”
            Meu coração disparou quase que instantaneamente. Que porra está acontecendo?

Continua...

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Move Along - Capitulo sessenta e quatro.

            Já faz quatro dias desde que soube das notícias sobre o Andy e eu, e faz quatro dias que eu não saio de casa por medo de ser fotografada ou alguém descobrir mais alguma coisa sobre mim. Faz dias que também não vejo o Andy, nem mesmo pela janela do quarto, talvez ele não queira mesmo me ver mais.
            São dez da manhã e eu estou trancada no imenso banheiro do meu quarto, parada de frente para o espelho e esfregando as mãos no cabelo. Minha caixa de som está quase no volume máximo.
            Caralho eu adoro essa música!
            Eu pego uma escova de cabelo e começo a dançar pelo banheiro enquanto acompanho a música, mesmo não sendo uma boa dançarina.
            - So lay down with me, let the river run dry. It's Sunday in the six-day war.
            A porta do meu banheiro abre bruscamente, e o Alex entra gritando:
            - MEU DEUS (SEU NOME)...
            - Smile, Darling, don’t be sad – eu continuo cantando, agora apontando para ele – Stars are gonna shine tonight! – Ele riu. – O que foi? – Perguntei enquanto abaixava o volume do som.
            - Que zona que você fez nesse banheiro hein? – Ele olha em volta, o chão e a pia do banheiro estavam completamente cor-de-rosa.
            - Foi uma emergência – eu ri, ainda com tinta nas mãos, rosto e roupas –, meu cabelo já estava completamente desbotado.
            - Você não é normal não
            - Eu nunca disse que era – ele ri
            - Termina ai e desce para a sala, temos uma surpresa!
            - Eu deveria matar vocês
            - Mas não vai – ele diz saindo do banheiro e fechando a porta.
            “Cacetada”, eu murmuro enquanto vou em direção ao chuveiro para enxaguar o cabelo recém-pintado.
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            Eu desço as escadas para encontrar Alex e Joe conversando no sofá, já havia limpado o banheiro e secado meu cabelo, o que demorou um pouco mais do que o esperado. Aquilo estava realmente uma zona.
            - Gostei do cabelo – Joe diz me olhando enquanto me jogo no sofá.
            - Obrigada – eu digo passando as mãos pelo meu novo cabelo
            - Alias – Alex me olha –, nós temos um presente para você.
            E eu quase havia me esquecido, não fazia ideia de que era possível esquecer algo assim, mas hoje era o dia do meu aniversário. Fiquei um pouco surpresa ao me lembrar disso, mas nunca liguei muito para essa data.
            - Mas vocês já me deram um presente – eu os olhei, confusa.
            - Esse é melhor do que os outros – Joe exclamou
            - Acho difícil superar...
            - Acredite se quiser – Alex se manifestou –, nós somos capazes de tudo.
            Assim que Joe se levantou para buscar o meu “presente surpresa” a campainha de casa tocou, e todos ficamos imóveis, encarando uns aos outros. Quem poderia ser a essa hora da manhã?
            - Eu não posso acreditar que algum dos meninos tenha vindo aqui tão cedo para me parabenizar – eu ri – mas eu sou tão incrível que pode ser possível.
            Joe, que já estava de pé, foi em direção a porta e a abriu. Ele ficou alguns segundos em silencio, parado e encarando a imagem em sua frente. Alex e eu não fazíamos ideia do que estava se passando, mas pela expressão de Joe não poderia ser boa coisa.
            E eu estava mais do que certa. Era algo péssimo.
            - SURPRESA! – Minha mãe exclama, passando por Joe, que ainda estava em silencio junto à porta. – Sentiu minha falta, princesa?
            Eu mal conseguia respirar...
Continua...